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Pois vejamos agora quem gozará de melhor saúde. Não é verdade que
o monge, vivendo como os animais selvagens, é robusto e vigoroso de
corpo, como quem goza de ar puro, de águas limpas, das flores e
pradarias e de perfumes verdadeiros? O rico, ao contrário, está
como se estivesse jogado no barro, tem um corpo mais brando e está
mais exposto às enfermidades. Pois bem, quem é favorecido pela
saúde, é claro que é também no prazer. Quem tu achas, que
realmente desfrutará melhor: o que se deita na relva, junto a uma
fonte límpida, na sombra das arvores frondosas e que agrada os seus
olhos com o espetáculo da natureza e conserva sua alma mais pura que o
próprio céu, e está muito distante das tribulações e dos ruídos
mundanos, ou o que vive trancado em sua minúscula casa? Porque não
me digas que os mármores são mais puros do que o ar, nem que a sombra
de um ornamento mais agradável do que a das árvores , e nem mais
grato contemplar um mosaico do que uma pradaria com seu tapete de
variadas flores. E disto vós mesmos, os ricos, sois testemunhas,
pois se vos fora dado ter em vossos pisos árvores e acrescentar a
vossas casas a alegria dos prados, vós os tomaríeis de preferência a
vossos ornamentos de ouro e a vossas paredes maravilhosas. Pelo
menos, quando desejais descansar de vossos muitos afazeres, deixais
vossas casas e correis ao campo.
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