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- E se depois de abandonar o mundo - dizes - além de não haver
exercitado a língua na eloqüência, vêem a cair da virtude que
professaram?
- E se ficando no mundo, além de corromper sua alma, não tiram
proveito algum do estudo da eloqüência? Porque eu tenho mais direito
de dizer isto do que tu aquilo. Por que? Porque se é certo que o
resultado de um e de outro é inseguro, no primeiro ou no segundo
caso, é mais inseguro no teu caso do que no meu. Como, e por que
motivo? Porque o estudo da eloqüência necessita da moderação dos
costumes, porém esta não requer o acréscimo da eloqüência.
Pode-se muito bem alcançar a temperança sem semelhante instrução,
mas não se pode jamais alcançar a eloqüência sem bons costumes,
pois se consumiria todo o tempo em vícios e devassidão. De modo que
o que temes em relação à vida religiosa, também deve ser temido em
relação ao estudo, e aqui tanto mais quanto são mais freqüentes os
fracassos e se põem em jogo mais altos interesses. Ali deve-se
centrar todos os esforços em uma só coisa; aqui deve-se dominar os
dois de uma só vez, já que não se pode conseguir um sem o outro,
isto é, ter a eloqüência sem praticar a temperança.
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