A VIDA MONÁSTICA, REFLEXO DA VIDA DO CÉU

19.

A prova de que isto não é falar por falar está em que, quando mencionamos aos infiéis a vida dos que moram no deserto, eles nada têm a nos replicar; só se admiram e porfiam no pequeno número dos que alcançam esta perfeição. Mas se nas cidades semeássemos também esta semente, se a disciplina do bem viver se convertesse em lei e costume e ensinássemos às crianças, antes de todas as coisas, a serem amigos de Deus e os instruíssemos nos ensinamentos espirituais em lugar das outras coisas e antes que todas as outras coisas, todos os nossos pesos se desvaneceriam, a vida presente se veria livre de infinitos males e desde agora começaríamos todos a gozar do que se diz da vida do céu: Que dela

"fugirá toda a dor, a tristeza, e o gemido".
Is 51,11

Porque se não nos acometesse o amor ao dinheiro nem a ambição da glória fútil; se não temêssemos a morte; se não considerássemos como desgraça a pobreza e o sofrimento, mas os recebêssemos como os maiores prêmios; se não soubéssemos o que é a inimizade e o ódio, não nos fariam guerra nem as nossas próprias paixões e nem as alheias, e o gênero humano tocaria nos limites da natureza dos próprios anjos.