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Invoquemos, pois, a Jesus, a Luz do Pai, "a luz verdadeira
que vindo a este mundo, ilumina a todo homem" (Jo. 1, 9),
"por quem obtivemos acesso" (Rom. 5, 2; Ef. 2, 18; 3,
12) ao Pai, à luz que é fonte de toda a luz. Fixemos o olhar o
melhor que pudermos nas luzes que os Padres nos transmitem pelas
Sagradas Escrituras. Tanto quanto nos seja possível, estudemos as
hierarquias dos espíritos celestes conforme a Sagrada Escritura nos
revelou de modo simbólico e anagógico. Fixemos atentamente o olhar
imaterial do entendimento na luz transbordante mais que fundamental,
que se origina do Pai, fonte da Divindade. Por meio de figuras
simbólicas, ilustra-nos sobre as bem-aventuradas hierarquias dos
anjos. Elevemo-nos, porém, sobre esta profusão luminosa, até o
puro Raio de Luz em si mesmo.
De fato, este Raio de Luz não perde nada de sua própria natureza,
nem de sua íntima unidade. Ainda quando atua e se multiplica
exteriormente, como é próprio de sua bondade, para enobrecer e
unificar os seres que estão sob a sua providência, permanece, no
entanto, interiormente estável em si mesmo, absolutamente firme, em
imóvel identidade. Dá a todos, na medida de suas forças, poder
para elevar-se e unir-se a Ele segundo sua própria simplicidade.
Porém este Raio divino não poderá iluminar-nos se não estiver
espiritualmente velado na variedade das sagradas figuras, acomodadas ao
nosso modo natural e próprio, segundo a paternal providência de
Deus.
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