Notas de FHE

II

A CONTEMPLAÇÃO DA NATUREZA
NOS PRIMEIROS PRÉ SOCRÁTICOS



01.

Conforme vimos, a filosofia iniciou-se com os filósofos pré-socráticos, nome genericamente dado aos pensadores gregos compreendidos entre os anos 600 AC e 400 AC que apresentam em comum o fato de não terem restado dos mesmos obras completas, mas apenas fragmentos citados em obras de filósofos posteriores. Podemos dividir ainda o período da filosofia pré-socrática em duas épocas distintas, o período anterior e posterior a Parmênides.

Os filósofos anteriores a Parmênides são chamados geralmente de naturalistas, por terem se dedicado à especulação sobre a natureza como principal assunto que surge nos fragmentos que deles nos restaram.

02.

Há também, conforme vimos, indicações seguras, apesar de não conhecermos a obra completa destes filósofos, que eles não somente escreveram sobre a natureza, mas também se dedicavam a uma vida de contemplação da natureza.

Assim, Tales foi visto caindo em uma armadilha por seu hábito de contemplar o céu e foi objeto de riso por este motivo por parte de uma velhinha natural da Trácia. O incidente é narrado por mais de um autor posterior, de modo que parece ter-se tornado proverbial.

Anaxágoras, interrogado sobre o objetivo de sua vida, respondeu que vivia para contemplar o Sol, a Lua e o céu.

Pitágoras, perguntado sobre o que seria um filósofo, respondeu que a vida se comparava aos Jogos Olímpicos. Alguns vão para alcançar a vitória, outros para vender mercadorias, outros para comprar coisas necessárias. Outros, finalmente, que são os filósofos, vão não para procurar aplausos, nem vantagens, mas como espectadores que contemplam curiosamente como as coisas se passam. Eles se desapegam de tudo para observarem curiosamente a natureza.

03.

Sobre tudo isso já comentamos anteriormente, abordando o assunto pelo ponto de vista histórico e dos testemunhos da época. Queremos agora interpretar o que significa semelhante atitude, tão estranha aos homens de hoje, e quais são as suas conseqüências.

04.

É necessário primeiro perceber como contemplar a natureza não é a trivialidade que nós supomos que seja num primeiro momento. Ela pode ser, e é de fato, um desafio mais profundo para o espírito humano do que o estudo de qualquer disciplina, tais como são ensinadas ou estudadas nas escolas de hoje. Se nós não somos capazes de perceber isto apesar de estarmos mergulhados na natureza o tempo todo, é simplesmente porque estamos habitualmente preocupados com nossos problemas mesquinhos do dia a dia que desviam toda a atenção da nossa inteligência do espetáculo extraordinário que nos circunda.

05.

Para tentarmos ter um vislumbre do que procuramos dizer, vamos considerar o ato mais trivial de qualquer estudante, o ato de vir à escola.

Antes de vir à escola, para retemperar nossas forças e não sentir o incômodo de assistir à aula com fome, jantamos em nossas casas. Este simples ato já é por si como que um verdadeiro milagre. Quando tomamos o alimento, a natureza teve que elaborar um sistema digestivo bastante complexo para ser capaz de digerir precisamente aqueles alimentos que curiosamente são os que ela mesmo oferece a todos abundantemente. Recolher estes alimentos esparsos pelo mundo para produzir uma simples janta seria uma tarefa penosíssima, mas tudo isto, naquele momento, já tinha sido providenciado. Centenas de pessoas haviam estudado agricultura, haviam plantado nos lugares mais diversos cada um dos alimentos utilizados em nossa janta, outra multidão os colheu, centenas de homens os transportaram, outros os conservaram e outros finalmente se especializaram em saber vendê-los, deixando-os localizados em lugares de fácil acesso para que nós os adquiríssemos. Assim, naquele momento, um mundo imenso de pessoas na verdade estava se preocupando conosco, e a própria natureza também, que sabiamente preparava as chuvas para a lavoura e fornecia ao nosso corpo as enzimas necessárias à digestão justamente daqueles alimentos que ela própria produzia. Nós, porém, ali sentados, não prestamos atenção a nada disso. Só queríamos sair correndo para não chegar atrasados à escola.

Quando saímos de casa, outra coisa não menos fantástica! Alguém tinha construído um elevador para nosso uso, tinha-o instalado exatamente no local onde era necessário para o nosso pronto e imediato transporte e estava bombeando energia elétrica de muito longe para que ele funcionasse com apenas um aperto de nosso dedo. A rua estava calçada. Outras pessoas, sabe-se lá quantas, também tinham se preocupado com isso. A rua estava calçada para nós passarmos e asfaltada também para fazer com que um ônibus pudesse trafegar para nossa comodidade. Sem que o pedíssemos, não apenas um ônibus, mas os mais diversos ônibus passavam regularmente à nossa disposição para nos levar não a um só lugar, mas a qualquer lugar que quiséssemos. Para isto, outras milhares de pessoas tiveram que estudar mecânica, projetar os ônibus, construir os ônibus, vender os ônibus, manter os ônibus, dirigir os ônibus, explorar petróleo, refinar petróleo, transportar gasolina, educar motoristas, educar o trânsito, sinalizar o trânsito, e não só tinham feito isto como o continuavam fazendo ininterruptamente para que pudéssemos tomar o ônibus naquele momento ou a qualquer momento. O Sol se punha. Fazia séculos que o Sol brilhava todos os dias para que pudéssemos enxergar todas estas coisas, mas o que é incrível, porém, é que nós não percebemos ou pensamos nisto um só momento. Estávamos preocupados, como sempre, com um pequenino problema pessoal que era infinitamente menor do que tudo isto, teoricamente muito menos capaz de chamar a atenção de qualquer inteligência sadiamente desperta, mas que na verdade era o que estava tirando nossa atenção daquele espetáculo fantástico fazendo-nos temer um simples atraso pessoal. Como é possível que para a maioria das pessoas uma coisa tão pequena impeça a percepção destas coisas pelo período inteiro de uma vida humana?

Mas, chegando à escola, não paramos para pensar também que não estávamos chegando sozinhos a esta nobre instituição. Para que pudéssemos aprender alguma coisa, todo este aparato fenomenal que nos permitiu chegar à escola foi igualmente mobilizado para trazer dos lugares mais diversos dezenas ou centenas de outras pessoas para fazerem funcionar a escola normalmente enquanto pudéssemos estudar tranqüilamente. O nosso pequeno objetivo de nos dirigirmos à escola assim encontrava resposta num aparato de escala mundial, mas nem nós, nem nenhum dos funcionários da escola pensava nisto. Pensavam cada um deles apenas no salário que iam receber no fim do mês.

Como nós também não pensávamos no que acontecia à nossa volta, subimos as escadas correndo. Encontramos então não apenas um corpo de funcionários, mas também um corpo de professores que estavam sendo preparados desde a sua infância, recrutados das mais diversas cidades e educados por milhares de outros professores para que pudessem acumular um vasto conhecimento e tudo isto, enfim, para dar aquela aula de quarenta e cinco minutos às vinte horas. Como é possível que um tão vasto complexo de forças naturais, que estamos descrevendo em sua mais ínfima parte, pudesse estar tão milimetricamente ajustado para um objetivo tão pequeno e para um aluno que, afinal de contas, o que fêz em toda a sua vida para merecer semelhante coisa? Quem não é capaz de entrever a admirável beleza que existe por detrás de tudo isso e o admirável sono em que vivemos no nosso quotidiano?

Não se deve rir, portanto, dos pré-socráticos quando diziam que haviam feito da contemplação da natureza a razão de suas vidas.

Qualquer um, se tentar fazer o mesmo ainda que por breves momentos, perceberá que o quadro que começamos a pintar é mais assombroso ainda do que o que dele pudemos mostrar. E para completá-lo, como um arremate deste imenso espetáculo, a natureza finalmente produziu um ser capaz de tomar consciência de tudo isto, como se esta natureza estivesse querendo se elevar acima dela própria e admirar-se a si mesma. Os protagonistas deste ponto máximo do espetáculo natural eram, assim precisamente aqueles filósofos pré-socráticos que, ao que parece, cumpriam talvez o objetivo final da natureza e estavam provavelmente muito mais conscientes do seu lugar no mundo do que muitos de nós talvez poderiam jamais ter estado.

06.

Deve-se compreender, ademais, que a atitude contemplativa em relação à natureza somente pode exercer o fascínio que exerceu entre estes que foram os primeiros filósofos se esta contemplação conseguir se elevar do plano da contemplação visual para o da contemplação intelectual. Não estivemos, de fato, nos referindo à beleza visual da natureza, mas a uma beleza inerente à mesma que somente pode ser vista não pelos olhos, mas pela inteligência. É apenas neste sentido que a natureza é capaz de constituir o desafio profundo para o espírito humano de que falamos acima.

Ela é capaz de chamar poderosamente a atenção do homem quando nós somos capazes de perceber como ela, apesar de não ser inteligente, parece participar da mesma espécie de racionalidade do espírito humano. Os movimentos da natureza que nos circunda parecem ter em si finalidades inteligentes. Tudo nela parece ter uma lógica, a mesma lógica de que nós homens nos utilizamos quando fazemos uma obra de arte ou executamos alguma outra atividade que necessite do uso da razão. Este fato é extremamente intrigante para o espírito de um observador mais atento; ele dá a impressão de que existe algum tipo de relação entre a natureza em seu conjunto e o modo da atividade da mente humana muito mais íntimo do que entre quaisquer outros objetos naturais entre si.

É justamente na base desta surpreendente afinidade entre o conjunto da natureza e a mente humana que reside a atração da primeira sobre a segunda; não, porém, apenas pela afinidade, mas principalmente porque a quantidade de atividades naturais que ocorrem simultaneamente diante de nossos olhos, todas sincronizadas e ordenadas umas para com as outras é imensamente maior do que qualquer mente humana seria capaz de coordenar ao mesmo tempo. Isto dá ao indivíduo que consegue transformar a observação meramente visual da natureza em uma atividade de contemplação intelectual a impressão de ter mergulhado a sua mente para o interior de uma mente imensamente maior do que a sua.

É deste efeito que esta atividade dos pré-socráticos não só tirava o seu fascínio, mas também a tornava uma fonte de educação da inteligência, conforme veremos adiante, no final deste capítulo, em um testemunho de Platão.

07.

Mas a atitude de contemplar a natureza não é algo que surge no homem já em sua forma mais plena e acabada. Ao contrário, é algo que pode ser aprendido, cultivado, disciplinado, aperfeiçoado ou, em outras palavras, pode ser objeto de educação. De fato, era objeto de educação entre os filósofos entre si.

E com esta afirmação temos um elemento importantíssimo para tentarmos compreender o desenvolvimento da filosofia e da filosofia da educação que está implícita em toda a filosofia. A contemplação da natureza, no sentido em que tentamos apresentá-la, apareceu como o primeiro grande objeto de educação entre os filósofos. Por que motivo? Por que este e não outro?

A resposta a esta pergunta obrigaria possivelmente muitos educadores a rever todas as suas concepções educacionais.

Porque, diriam os filósofos pré socráticos, ao contrário de tantas outras, esta é uma qualidade caracteristicamente humana. E nós, diriam, queremos desenvolver no homem as características que ele tem enquanto homem, e não apenas enquanto animal.

De fato, tomemos alguns exemplos. Educar o homem para a vida militar, como era a essência da educação em Esparta, não é desenvolver no homem uma qualidade caracteristicamente humana. A vida militar é para o homem um modo de defender a sua integridade corporal. Qualquer animal faz isto; a vida militar apenas faz o mesmo de um modo mais sofisticado.

Educar o homem para uma determinada profissão como a engenharia, a agricultura, a medicina, e outras mais, também não é desenvolver no homem uma qualidade caracteristicamente humana no sentido em que explicamos anteriormente. Os animais também fazem as suas tocas, procuram alimentos, tomam suas rudimentares providências quando estão doentes ou feridos. Através da construção, do plantio, dos remédios, o homem não faz algo essencialmente diverso; mudou apenas o grau de sofisticação no que é comum a todos os animais. A educação para o mercado de trabalho, que visa principalmente através do labor a obtenção de casa, alimento e remédios, não difere essencialmente no homem da vida animal em geral, mas apenas circunstancialmente pelo grau de perfeição.

Educar o homem nas boas maneiras, na educação e no trato social também não é desenvolver no homem uma qualidade essencialmente humana. Grande parte dos animais vive em bandos ou em sociedades primitivas, como as alcatéias de lobos, os bandos de elefantes, as colônias das formigas e as sociedades das abelhas, e tantos outros.

Mas ser capaz de compreender o espetáculo impressionante da natureza, contemplá-lo em toda a sua profundidade, estar consciente dele a todo momento e perceber a sua prodigiosa complexidade e quão inabarcável é em sua globalidade para um ato da inteligência humana, isto está acima da capacidade de qualquer outro ser natural, exceção feita ao homem. Ademais, tudo na natureza parece ter um sentido; pareceria conseqüente que houvesse também um sentido na sua obra mais perfeita, que é o homem; deveria haver, então, algum motivo natural para que a natureza tenha dotado o homem de alguma qualidade especificamente apenas a ele pertencente. É neste sentido, portanto, que nós, filósofos, queremos educar o ser humano. Senão, por mais que trabalhemos, nada mais estaremos fazendo do que educar um animal, apenas mais domesticável do que os demais.

É uma crítica terrível à maioria dos sistemas educacionais modernos. Os sistemas educacionais modernos vieram muitas vezes mais condicionados por pressões sociais do que por uma reflexão sobre a natureza humana. Esta reflexão dos filósofos coloca portanto, pela primeira vez, o problema de se questionar qual o fim a ser alcançado pela educação do homem, não restringindo, portanto, a pedagogia a um simples estudo de métodos cuja finalidade última é implicitamente imposta por forças históricas e sociais geralmente não conscientes.

08.

Mas o exercício habitual da contemplação da natureza leva o homem não apenas a desenvolver esta qualidade unicamente humana em sua espécie, mas a se fazer outras perguntas com um grau de lucidez que podem se tornar o ponto de partida para uma vida mais digna de quem ele é.

De fato, quem tendo feito seriamente a experiência de observar atentamente a grandeza do que ocorre à nossa volta não é levado a perguntar:

Como aconteceu tudo isso?

Como eu vim parar aqui
para compreender estas coisas?

Como pode ter-se produzido
um ser capaz de compreender isto?

Quem sou eu?
O que é o homem?
O que é o mundo?
O que significa tudo isto?

Nasce assim no homem o desejo de saber, mas de um saber diverso daqueles que nós costumamos querer saber nas salas de aula modernas ou no nosso dia a dia.

Nas salas de aula ou no nosso dia a dia nós não queremos saber nunca o que significa tudo isto. O que nós usualmente queremos saber é alguma coisa em particular. Como se faz determinada coisa, como se aprende determinada profissão, como se entende um determinado assunto, o que aconteceu tal época em tal lugar. Muito diferente é simplesmente desprezar todos os detalhes de cada um dos detalhes e perguntar diretamente:

O que significa tudo isto?

Tudo isto. Este é o problema. Tudo isto, isto é, como quando alguém acorda em um hospital depois de um acidente de automóvel do qual não se lembra mais nada e, em vez de perguntar como funciona o aparelho do soro, qual a fórmula do remédio, para que serve aquele aparelho e como se constrói, não quer saber nada disso, mas a única coisa que ele quer saber e exige saber é:

O que significa tudo isto?
Onde estou?
Por que estou aqui?
O que significa tudo isto?

Se eu não entender isto primeiro, de fato não serei nada mais do que um tonto e apenas estarei dando mostras de não ter uma compreensão do verdadeiro alcance do que está acontecendo.

Esta compreensão do verdadeiro alcance do que está acontecendo é o que chamamos de Filosofia, de modo que da contemplação é que nasceu a ciência filosófica. E, a nível individual, é preciso surgir primeiro a qualidade humana da contemplação para cada determinado indivíduo compreender o que seja a Filosofia; e somente a partir daí, dizem os que a isto chegaram, poderá alguém se compreender e viver uma vida digna do ser humano.

Cabe chamar a atenção dos alunos a que isto é uma concepção de pedagogia que deriva dos primeiros pré- socráticos; e é uma concepção de pedagogia bastante diversa da que se praticou em outras épocas.

09.

Mas há ainda algo mais. Nós vimos os testemunhos dos escritores antigos sobre o caráter e a personalidade dos filósofos pré-socráticos. Em particular vimos a nobreza de caráter com que Plutarco descreveu a Anaxágoras e como estes traços passaram para Péricles que foi seu discípulo. Consta que muitas das maiores personalidades da Grécia antiga foram discípulos ou grandes amigos destes filósofos. Vimos também como os alunos das escolas fundadas por Pitágoras eram implorados para serem conselheiros dos estadistas da época. Não temos relatos mais detalhados sobre esta faceta dos pré-socráticos, mas baseados nos filósofos posteriores, somos levados a ter a certeza de que estes filósofos que se dedicavam à contemplação intelectual da natureza no sentido em que tentamos esboçar cultivavam a educação da personalidade dos seus discípulos. Na verdade, uma atividade não meramente visual, mas de cunho intelectivo como era a vida contemplativa que eles levavam seria impossível de ser levada a efeito mesmo por breve tempo, quanto menos por uma vida, por uma pessoa de caráter egoísta, impaciente, repleta de maus instintos e ambições as mais diversas. Todos os filósofos posteriores a Sócrates tinham bem claro que não era possível desenvolver as capacidades intelectuais dos seus discípulos sem desenvolver-lhes paralelamente ou mesmo previamente as virtudes morais. A verdadeira vida intelectual no sentido filosófico é impossível sem o desenvolvimento moral prévio do homem. O simples aprendizado de uma arte ou de um ofício, ou a aquisição de uma cultura geral que permita uma convivência social, como ocorre atualmente, não carrega consigo esta exigência imprescindível de uma educação integral do homem. Mas o contrário deve ser dito quanto aos objetivos intelectuais dos pré-socráticos e da filosofia em geral, pelo menos em seu período clássico. É assim que, de acordo com um testemunho de Platão em relação aos pré-socráticos, assim que os homens começaram a se dedicarem à contemplação do céu no sentido em que viemos expondo, aprenderam também a disciplina interior do espírito.

Diz, de fato, Platão no Diálogo conhecido pelo nome de Timeu, que

"de todas as especulações que atualmente
se podem fazer sobre o mundo,
nenhuma teria sido possível
se os homens não tivessem visto
nem os astros, nem o Sol, nem o Céu.
Porém, na situação efetiva,
existem o dia e a noite,
os equinócios, os solstícios,
coisas que nos deram
o conhecimento do número
e nos permitiram especular sobre
a essência do Universo.
Graças a isso foi-nos dada
esta espécie de ciência,
da qual pode-se dizer
que nenhum bem maior
foi jamais dado ao homem.
O motivo pelo qual Deus criou a visão
foi o seu pré conhecimento de que,
tendo nós humanos observado
os movimentos periódicos e regulares
da inteligência divina,
poderíamos fazer uso deles em nós mesmos;
tendo estudado a fundo
estes movimentos celestes,
que são partícipes da retidão
da inteligência divina,
poderemos então ordenar por eles
nossos próprios pensamentos,
os quais,
deixados a si mesmos,
não cessam de errar".

São Paulo, 8 de maio de 1989