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Fizestes o que vos pedi? Rogastes a Deus por nós e por todo o
corpo da Igreja, pedindo-lhe que apague o incêndio que provocou a
vanglória? Essa vanglória que danifica todo o corpo, que o divide,
não obstante sua unidade, em mil pedaços e afasta a caridade! Como
uma fera que se lança sobre um corpo nobre e terno e incapaz de
defender-se, assim a vanglória cravou seus dentes execráveis e
inoculou seu veneno e encheu tudo com seu mau cheiro. Umas partes,
depois de despedaçá-las, arrojou ao chão; outras, dilacerou;
outras, espremeu entre seus dentes. Se nos fosse dado contemplar com
os olhos a vanglória e a Igreja, veríamos um espetáculo lastimável
e muito mais espantoso que o dos estádios: o corpo estendido no solo e
ela, a vanglória, presidindo desde o alto, dirigindo seu olhar a
toda parte, agarrando os que caem, não cedendo um ponto e perdoando
jamais.
Quem poderá, pois, afastar de nós essa fera? O mesmo que
organizou o combate, a quem havemos de suplicar que envie seus anjos
e, prendendo como com cordas a boca insolente e desavergonhada da
fera, a afaste assim de nós. Mas o que organizou o combate fará
isso, desde que nós, uma vez retirada a fera, não a procuremos
novamente. Mas se Ele enviar seus anjos e mandar que a terrível fera
se afaste de nós e, uma vez que se tenha afastado e tenha sido
encerrada em sua toca, formos nós, embora com mil feridas, e a
busquemos novamente e batamos à porta e a aticemos até faze-la sair
novamente, Deus não se compadecerá de nós nem nos perdoará.
Porque
diz a Escritura,
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"terá pena do encantador mordido pela serpente
ou dos que se aproximam das feras?"
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