AS LEIS DAS CINCO PORTAS |
Leis da porta da língua |
28. |
Eis, pois, vamos primeiramente à porta da língua, pois esta
é a que mais se movimenta, e a devemos construir antes de qualquer
outra, porta e fechadura, não de madeira nem de ferro, mas de ouro.
Porque de ouro é verdadeiramente a cidade que assim se prepara. E é
verdade que nela, não um homem, mas o próprio rei do universo
deverá habitar, quando estiver preparada, e já verás, mais a
frente, onde lhe assinalaremos os palácios.
Ensinemo-lhes a levar sempre nos seus lábios as palavras divinas, inclusive nos seus passeios, não casualmente e superfluamente, nem poucas vezes, mas continuamente. Sobre as portas não nos contentemos em colocar lâminas de ouro, mas construamos as mesmas inteiras e por dentro de ouro puro, densas e maciças, e levando pedras preciosas ao invés de pedras incrustadas por fora. O ferrolho destas portas há de ser a cruz do Senhor, que deverá ser fabricado inteiramente de pedras preciosas e correr de ponta a ponta nas portas. E assim quando tivermos construído estas portas maciças e de ouro puro e sobreposto o ferrolho, preparemos também cidadãos dignos. Como prepará-los? Ensinando as crianças a falar palavras nobres e piedosas. E deveremos praticar uma rigorosa expulsão de estrangeiros, afim de que não se misturem com estes cidadãos gente em abundância e corruptoras; ou seja, havemos de excluir as palavras insolentes e maledicentes, as insensatas, as torpes, as seculares e mundanas. Importa banir todas essas palavras. Ninguém, exceto o rei, deverá entrar por estas portas. Só a Ele e a quantos com Ele vão, há de estar aberta a porta, para que dela também se diga:
E segundo o bem-aventurado Paulo:
As palavras sejam de ação de graças, cânticos sagrados, todas as suas conversas sejam sobre Deus e sobre a filosofia do céu. |