LEIS DA PORTA DOS OLHOS

54.

Há, ainda, outra porta, mais atraente que as demais, embora difícil de resguardar: a porta dos olhos. Por isso está colocada acima, aberta e ostentando sua beleza. Ha muitas janelas e não só olha, mas também é vista, se está adornada com beleza.

55.

Aqui fazem falta leis muito enérgicas, e seja a primeira a de nunca levar o menino ao teatro, a fim de que não contraia uma pestilência completa que lhe entrará pelos ouvidos e pelos olhos. E nas praças, isto é o que a pajem deverá vigiar particularmente ao passar pelas ruas, e a isto há de dirigir suas recomendações, a fim de que essa doença jamais contamine a criança.

56.

Para que não seja contaminado ao ser olhado, deve usar de muitos meios, por exemplo, deve tirar-lhe a maior parte da sua beleza, cortando seus cabelos para mais gravidade. Se a criança se aborrece por acreditar que com isso fica feia, aprenda antes de tudo, que esta é a maior formosura.

57.

Para que o olhar não provoque pecado, bastarão para sua precaução, aquelas histórias dos filhos de Deus que se voltaram para as filhas dos homens (Gen. 6, 1-4), a história dos sodomistas (Gen. 19, 1-29), a lembrança do inferno e tudo o mais.

58.

Aqui é onde o pedagogo e o acompanhante hão de colocar zelo extremo. Deverão mostra a ele outras belezas: o céu, o sol, as estrelas, as flores da terra, os belos livros. Estas coisas é que deverá admirar. E tantas outras coisas que não tragam nenhum prejuízo.