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Não se pode dizer que Deus não dá muita importância a este
assunto, quando é certo que põe marcado empenho na criança e na
educação dos filhos. Porque, primeiramente, inspirou um carinho
tão grande à natureza, que o cuidado dos filhos constitui uma
necessidade indubitável para os pais; e logo, já falando conosco,
instituiu leis acerca deste cuidado. E, ao estabelecer uma festa,
manda que se instrua os filhos sobre a sua ocasião e motivo. Assim,
depois de falar da Páscoa, acrescentou:
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"Naquele dia instruirás o
teu filho dizendo-lhe: Pelo que Deus fez comigo quando eu saía do
Egito".
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E o mesmo faz na lei, pois tendo falado
dos primogênitos, acrescenta novamente:
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"E depois disto se te
perguntar o teu filho, dizendo: Quem é este? tu lhe dirás: Com
mão poderosa nos tirou o Senhor do Egito, da casa da servidão. E
quando o Faraó se endureceu para nos despedir, o Senhor matou todos
os primogênitos da terra do Egito, desde os primogênitos dos homens
até os primogênitos do gado. Por isto eu sacrifico ao Senhor todo o
varão primogênito".
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Por todos os meios
manda que se leve os filhos ao conhecimento de Deus.
Por outro lado, muitos são também os mandamentos que Deus impõe
aos filhos em relação a seus pais, honrando a quem se porta
carinhosamente com eles e castigando os ingratos, com o que faz mais
amáveis os filhos aos pais. Quando nos faz donos de algo, a mesma
honra que nos concede, nos coloca na máxima obrigação de cuidar
dele; pois, ainda que não tivesse outra coisa, bastaria para nos
mover, considerar que tudo colocou em nossas mãos o outro, e não
teríamos coração para atraiçoar nem levemente a quem assim nos foi
confiado. E se a isto se acrescenta que se irrita e indigna mais que
os próprios ofendidos e se constitui em terrível vingador seu, é
este motivo que nos obriga ainda mais. Que é, nem mais nem menos, o
que Deus fez a respeito de pais e filhos.
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