II.13.

Síntese de Santo Tomás sobre o fim último do homem.

Na Summa contra Gentiles S. Tomás apresenta uma breve síntese desta argumentação exposta no Comentário à Ética:

"Se a felicidade última do homem
não consiste nas coisas exteriores
que são ditas bens da fortuna,
nem nos bens do corpo,
nem nos bens da alma quanto à parte sensitiva,
nem quanto à parte intelectiva
segundo os atos das virtudes morais,
nem segundo os atos das virtudes intelectuais
que dizem respeito às ações,
como as artes e a prudência,
conclui-se que a felicidade última do homem
esteja na contemplação da verdade.

Esta é a única operação do homem
que é própria apenas de si
e que não é comum a nenhum outro.

Esta não se ordena a mais nenhuma outra
como a um fim,
pois a contemplação da verdade
é buscada por causa de si mesmo.

Para esta operação o homem é suficiente
em grau máximo para si próprio
na medida em que para ela
pouco necessita do auxílio externo.

A esta operação todas as demais operações humanas
parecem se ordenar como a um fim.
À perfeição da contemplação
requer-se a incolumidade do corpo,
à qual por sua vez se ordenam
todas as coisas artificiais que são necessárias à vida.
Requer-se também o repouso das perturbações das paixões,
ao qual se chega pelas virtudes morais e pela prudência,
assim como também o repouso das paixões exteriores,
ao qual se ordena todo o regime da vida civil,
de tal modo que, se considerarmos retamente,
todos os ofícios humanos parecem servir
à contemplação da verdade.

Esta contemplação da verdade, ademais,
não pode ser a contemplação que se dá pelas ciências,
que dizem respeito às coisas inferiores,
pois a felicidade deve consistir na operação da inteligência
que diz respeito às mais nobres entre todas as coisas inteligíveis.
A felicidade última do homem só pode consistir, portanto,
na contemplação da sabedoria"
(67).



Referências

(67) Summa contra Gentiles, III, 37.