SÃO PAULO TAMBÉM FALA SEM DISTINÇÃO DE MONGES E DE LEIGOS |
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As Escrituras não conhecem semelhantes distinções, mas querem que todos levem a vida dos monges, mesmo os que têm mulheres. Escuta o que disse Paulo, e quando digo Paulo, outra vez digo Cristo. Escrevendo, pois, Paulo para homens casados e com filhos, exige deles toda a perfeição dos monges. E assim, cortando pela raiz todo o prazer, tanto no vestir como nas comidas, escreve estas palavras:
E em outra vez:
E mais:
Que maior perfeição pode-se exigir de um monge? E ensinando como se há de dominar a língua, põe outras leis rigorosas e tais que aos próprios monges custa trabalho levar à prática. Porque não condena só toda a desonestidade e grosseria no falar, como as próprias brincadeiras; não só corta das boca dos crentes a ira e a cólera e todo o dito amargo, mas o próprio vozerio:
E isto te parece pouco? Pois espera e ouça o que ele ordena a todos sobre a paciência, muito superior ao que foi dito:
E outra vez:
Vês como sobe ao cume
da própria perfeição da filosofia e da longanimidade?
e esta é a que nos manda seguir. De modo que ainda que só isso tivesse dito, isto seria prova suficiente de que exige o mesmo dos leigos e dos monges. Porque a caridade é o vínculo e a raiz de toda a virtude; e de fato nos especifica ponto por ponto. O que se pode buscar, pois, mais alto do que esta filosofia? Mandando-nos, efetivamente, o Apóstolo estar acima da ira, da cólera, da gritaria, da cobiça do dinheiro, do ventre, do luxo, da vaidade e de todos os outros afetos da vida e que nada tenhamos de comum com a terra, e que mortifiquemos nossos membros, é evidente que nos pede a mesma perfeição que Cristo a seus discípulos, e quer que estejamos tão mortos para os pecados, como os que efetivamente já estão mortos e sepultados. De onde diz:
Ademais há ocasiões em que o Apóstolo nos convida, com sua exortação, à imitação do próprio Cristo e não só à de seus discípulos. Assim, quando nos exorta à caridade, toma os exemplos de Cristo; e o mesmo em relação a não guardar rancor; o mesmo em relação à humildade. Se, pois, Paulo nos manda imitar não só os monges, nem os discípulos de Cristo, mas o próprio Cristo e ameaça com o máximo castigo a quem não o imitar, de onde tiras isto de maior ou menor altura? A verdade é que todos os homens têm que subir à mesma altura, e o que tem transtornado toda a terra é pensar que só o monge está obrigado à maior perfeição enquanto os demais podem viver como lhes agrada. Mas não, não é assim! Todos - diz o Apóstolo - estamos obrigados à mesma filosofia e eu não duvidaria em afirma-lo absolutamente ou, melhor dizendo, não eu, mas Aquele que nos há de julgar. |