O EVANGELHO, COM AS SUAS ADMOESTAÇÕES E CASTIGOS, CONFIRMA ESTA MESMA VERDADE |
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Mas se ainda te admiras e estás perplexo, permita-me que tome outra vez a água das mesmas fontes, para ver se consigo lavar completamente os teus ouvidos de toda a malícia de incredulidade. E basearei minha demonstração nos castigos que o Senhor nos promete para o derradeiro dia. Assim, pois, aquele rico do Evangelho não foi mais rigorosamente punido porque vivendo solitário foi cruel, mas antes, se posso dizer algo de minha autoria, porque sendo leigo e vivendo entre riquezas e vestindo-se de púrpura, não se incomodou com Lázaro, que se achava em extrema pobreza. Contudo, eu não quero afirmar nem uma coisa nem outra, mas simplesmente que foi cruel e por isso foi rigorosamente castigado no fogo do inferno. E as virgens insensatas, por se acharem escassas de humanidade, foram excluídas da sala de bodas; e se é lícito dizer algo pela minha própria conta, não só não contribuiu a virgindade para aumentar-lhes o castigo, mas talvez o tenha diminuído, pois não foi dito a elas:
mas só:
Mas se alguém disser que
tanto vale isto como aquilo, eu não o contradirei, pois o que agora
tratamos de demonstrar é que a profissão do monge não agrava os
castigos, mas que os leigos e os monges são réus das mesmas penas se
cometem os mesmos pecados. E o que entrou no banquete com roupas sujas
e o que reclamou os cem dinheiros não sofreram o que sofreram por serem
solitários, mas um por ter se perdido por fornicação e o outro por
ressentimento. E deste modo, examinando os outros casos de castigos
de que nos fala o Evangelho, se verá ser unicamente o pecado o que
determina o castigo.
não fala só com os solitários, mas com todo o gênero humano. Igualmente, quando nos manda caminhar pelo caminho estreito, também não dirige suas palavras exclusivamente aos monges, mas a todos os homens. E também são ordens comuns a todos as de odiar a própria alma neste mundo e todas as outras ordens do mesmo modo. Ao contrário, quando não fala com todos nem põe leis universais, nos dá a entender com toda a clareza. Assim, por exemplo, quando falou da virgindade, acrescentou:
sem acrescentar a palavra todos, nem dar ao seu ensinamento um tom de mandamento. Pelo mesmo motivo, Paulo, que imitava em tudo o seu Mestre, tratando desta matéria, dizia:
Em conclusão, nem o mais obstinado e persistente poderá sustentar que não estejam obrigados monges e leigos a subir ao mesmo cume e que, se caírem, não recebam uns e outros as mesmas feridas. |